Comédia, história, ficção científica e dramas biográficos… no mundo das séries há algo para todos os gostos, feitios e formatos. Por isso, deixamos 10 sugestões de séries para os political junkies se prepararem para o intenso movimento que será o caminho até às eleições presidenciais americanas, no próximo dia 5 de Novembro.

 

Yes, Minister (1980)

James Hacker é nomeado Ministro da Administração Interna e ocupa gloriosamente o novo cargo. Mas nem tudo são rosas – James tem dois colaboradores de personalidades bem diferentes – um Chefe de Gabinete e um Secretário. James bem tenta iniciar-se na brilhante carreira de Ministro, tomando as habituais medidas de reduzir despesas, mas depara com a oposição feroz e sarcástica do seu chefe de gabinete, Sir Humphrey Appleby que acaba sempre por lhe responder reverencialmente “Yes, Minister”. Uma conhecida série da BBC, com excelentes interpretações de Paul Eddington, o ministro, Nigel Hawthorne, o Chefe de Gabinete e Derek Fowlds como o secretário, Bernard Wooley. Hilariante e desesperante, quase tanto como realista nas contradições da política. Uma das melhores sátiras políticas da televisão britânica e o programa de televisão preferido da então primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher.

 

House of Cards (Reino Unido, 1990)

Muito antes de Frank Underwood já havia Francis Urquhart, o maquiavélico líder da maioria do Partido Conservador no Parlamento Britânico. Membro da ala mais conservadora do partido, frustrado por não ser promovido no período em que os membros mais moderados assumiram a liderança do partido – em resultado da demissão de Margaret Tatcher, Francis Urquhart coloca em prática um plano meticuloso para deitar abaixo o seu próprio primeiro-ministro e substituí-lo em funções, em linha com a peça de Shakespeare Richard III, que tantas vezes cita. O plano de golpe é colocado em causa por complicações, incluindo a sua relação com uma jovem jornalista, que o próprio usa para fugas de informação seletivas. Considerada uma das melhores séries produzidas pela televisão britânica.

 

The West Wing (1999 – 2006)

É um clássico das séries televisivas, quase um exemplo do que a política deveria ser em democracia na mente dos mais idealistas, pelo menos na parte dos longos e incrivelmente bem escritos discursos de Aaron Sorkin. Ao mesmo tempo, uma lição de política real, seguindo dois mandatos do presidente Jed Bartlet e da sua equipa, retratando inúmeros escândalos, ameaças, quezílias políticas, os custos de governar um país – pessoais e profissionais – e tudo que a política traz consigo.

 

The Thick of It (2005)

Esta série valeria o seu tempo só pela forma como o ator Peter Capaldi desempenha o papel do spin doctor vilão que aterroriza a vida do ministro dos Assuntos Sociais do governo britânico e o seu gabinete. Acrescente-se, sabe quem lá esteve ou acompanhou de perto, que a vida real tem personagens e episódios estranhamente semelhantes, e The Thick of It passa a ser fundamental para um political junkie. Especialmente se se quiser rir um pouco.

 

Borgen (2010 – 2022)

Uma das séries sobre política que maior antecipação gerou, com a curiosidade de ser uma série dinamarquesa, Borgen tornou-se rapidamente num manual de instruções sobre a política real, e sobre tudo que está errado na mesma. A série conta a história de Birgitte Nyborg, que logo no primeiro episódio chega, de forma inesperada, a primeira-ministra do reino da Dinamarca – a primeira no cargo. Desde os dramas pessoais, a exigência na política e a promiscuidade com a comunicação social, Borgen relata uma história que nos chega no dia a dia apenas por fragmentos, através das notícias, mal contada: de como é a verdadeiramente a política nos bastidores, as ambições e o que se perde pelo caminho. Um ano depois de Borgen ir para o ar, a Dinamarca elegeu a primeira mulher para o cargo de primeira-ministra, Helle Thorning-Schmidt, um caso da realidade a imitar a ficção.

 

A Guerra dos Tronos (2011 – 2019)

Dragões, zombies, guerreiros de gelo, corvos com três olhos. Tudo na descrição de A Guerra dos Tronos parece afastar qualquer possibilidade de esta série ser mais do que ficção científica, ainda que de elevada qualidade. Mas esta saga situada na Idade Média, inspirada na Guerra das Rosas – série de lutas dinásticas que durou entre 1455 e 1485, e que se caracterizou pela luta sangrenta de várias famílias pelo trono de Inglaterra, é um retrato sem filtros da luta pelo poder, sem filtros, escrúpulos e limites morais. Tornou-se numa série de culto rapidamente e um modelo para análise da política contemporânea, seja em artigos de jornais, de revistas científicas, teses de mestrado e doutoramento, discursos políticos, etc. Os desempenhos de Peter Dinklage como o maquiavélico – e ainda assim com mais limites morais – Tyrion Lannister, o realismo e a brutalidade de Lena Headey e Nikolaj Coster-Waldau enquanto líderes do clâ Lannister, ou a corrupção do poder absoluto, com a ascensão e queda de Emilia Clarke enquanto Daenerys Targaryen fazem da guerra dos tronos uma série incontornável para quem gosta de política.

 

Homeland (2011 – 2020)

Um blockbuster que começa mais como ficção e começa a imitar a realidade à medida que vai avançando. Vencedor de 6 Emmy, Homeland conta a história da sargento Nicholas Brody que regressa a casa como um herói condecorado depois de anos em cativeiro, e que se torna numa ameaça séria, e da agente da CIA Carrie Mathison, uma das melhores na sua área de especialidade enquanto lida com doença bipolar. Além dos dramas pessoais, e do thriller inteligente, Homeland é uma autêntica masterclass em terrorismo e contraterrorismo, retratando ameaças e situações verídicas com elevada precisão.

 

House of Cards (2013 – 2018)

“Às vezes penso que fomos longe de mais, mas depois vejo as notícias”, dizia Kevin Spacey, quem durante grande parte da série desempenhou o papel do icónico congressista Frank Underwood, o vilão dos vilões da política americana, e que acabou por se tornar num vilão na vida real. Juntamente com Robin Wright, formaram um dos power couples mais icónicos das séries de política americanas, e que ajudaram a colocar a Netflix no mapa enquanto produtora de series originais.

 

The Crown (2016 – 2023)

É uma das séries mais bem sucedidas da Netflix e tornou-se numa série de culto além fronteiras, com uma versão ficionalizada de um drama biográfico, da mais secretiva – e talvez mais influente – família moderna. A série conta a história da Rainha Isabel II do Reino Unido desde o seu casamento, fazendo um caminho histórico-biográfico dos principais eventos da segunda metade do século XX na coroa britânica, as relações entre a rainha e os diferentes primeiros-ministros, episódios como o romance de Carlos com Camilla, o drama com a morte de Diana, entre muitos outros. Apesar de ter uma componente de ficção, a série atraiu grande interesse também devido ao quão imbuída de secretismo é a família real britânica, a componente política, as transformações históricas e os dramas pessoais dos seus elementos.

 

The Diplomat (2023 – )

Outra série para quem tem um especial interesse para a componente da política externa, mas mais na vertente da diplomacia do que no thriller de espionagem. The Diplomat retrata o percurso de Kate Wyler, uma diplomata de carreira que gosta de desafios mais práticos e ambicionava ser colocada no Afeganistão – a oportunidade da sua carreira que chegava finalmente -, mas acaba por ser desviada para o Reino Unido, no meio de uma crise internacional, um cargo para o qual não tem o perfil e que pode colocar em causa a sua carreira e o seu futuro político. Um thriller sobre os desafios e as consequências da diplomacia.