Cinema Independente Americano
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Dar destaque a filmes americanos independentes é o objetivo da FLAD com a primeira edição do ciclo Outsiders – Cinema Independente Americano, uma seleção de filmes de realizadores independentes, produzidos nos EUA entre 2006 e 2020, alguns deles premiados e nunca antes exibidos em Portugal.
O Outsiders – uma coprodução do Cinema São Jorge e da FLAD – inclui 14 longas-metragens e 8 curtas-metragens. Na sua maioria envolvem orçamentos de baixo custo, gravação em vídeo digital ou diálogos improvisados, apresentando um olhar diferenciado sobre a vida contemporânea dos jovens adultos americanos.
Programação
From No Budgetto Netflix
Masterclass
7 Dez, 17h
Grande AuditórioFaculdade de Belas-Artes, Universidade de Lisboa
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JoeSwanberg
Os Filmes
"Os outsiders estão aí, prontos a conquistar o lugar que há muito lhes era devido."
Por Carlos Nogueira, Programador
À partida, um filme independente seria o oposto de um filme de Hollywood. Para simplificar, enquanto este último movimenta orçamentos gigantescos, o outro custa relativamente pouco; um destina-se essencialmente a entreter, o outro procura interpelar o espetador; um evita tomar partido em questões politicamente sensíveis, o outro é muitas vezes explicitamente crítico; um recorre a fórmulas estereotipadas, o outro procura transmitir um ponto de vista personalizado. Ou seja, um cineasta independente seria, por escolha própria, um outsider (por oposição ao insider de Hollywood), a fim de manter a sua liberdade criativa.
Na realidade, as coisas são bem mais complexas… Que dizer dos grandes realizadores de Hollywood, passado e presente, que conseguiram transmitir a sua visão do mundo, apesar da máquina industrial ou mesmo graças a ela? Ou dos cineastas independentes que soçobraram a uma formatação indie, ou, então, que não resistiram ao aceno dos estúdios?
O sistema de produção independente pode oferecer a quem tiver dedos para as aproveitar mais garantias de realização de um filme pessoal, sem necessitar de ceder a concessões de natureza vária, e de conservar o controlo da obra, seja durante a produção, seja na fase de distribuição e exibição.
A tarefa não é forçosamente fácil e requer uma enorme dose de perseverança, mas a verdade é que raramente assistimos como hoje a uma proliferação tão grande de focos de criatividade no terreno, outrora demasiado ingrato, do cinema independente.
A história do cinema independente nos Estados Unidos é praticamente tão velha como a do próprio cinema. Aliás, se bem que hoje “cinema independente” se defina praticamente como a antítese de Hollywood, poucos sabem que Hollywood nasceu como uma rebelião dos “independentes” contra a Motion Picture Patents Company ou “Edison Trust”, que detinha as patentes da matéria-prima. Em pouco mais de uma década, porém, as companhias que se haviam deslocado para a costa oeste a fim de se dedicarem à produção longe da alçada da MPPC, urdiram o seu próprio sistema de produção, distribuição e exibição, que ficaria para a história como o studio system, e que substituiria o monopólio Edison pelo oligopólio hollywoodiano.
O sistema de estúdios e a sua complexa mas extremamente controlada estrutura dominou a indústria cinematográfica americana durante mais de três décadas, deixando pouco ou nenhum espaço para a produção independente.
A partir da década de 50, porém, depois da famosa decisão judicial anti-trust, que obrigou os estúdios a abandonar a atividade de exibição, a porta ficou aberta para o aparecimento da produção independente. Nos anos 60 surgiram os primeiros “movimentos” ou grupos, mais ou menos informais, de cinema alternativo ao cinema “comercial”. John Cassavetes, por um lado, e Roger Corman, por outro, foram algumas das figuras que dinamizaram o cinema independente americano nessa época.
O moderno cinema independente americano data de meados dos anos 80, em grande medida graças à dinâmica imprimida pelo festival de Sundance, e surge com uma intenção explícita de se rebelar contra o modelo de cinema dominante.
À medida que os realizadores desta primeira vaga indie, muito ligada às franjas culturais de Nova Iorque, enveredavam por percursos divergentes, que incluíam a aproximação a Hollywood (os Coen, Soderbergh), os circuitos marginais de natureza diversa (John Waters, Sara Driver) ou o ensaio cinematográfico (Mark Rappaport), uma nova vaga de cinema “artesanal” se perfilava: Richard Linklater, Alexander Rockwell, Wes Anderson. Era o início da década de 90, surgiam novos pólos criativos (Austin, Boston), apareciam também novos festivais como rampas de lançamento.
Os avanços tecnológicos tiveram, na viragem do milénio, papéis não negligenciáveis no recrudescimento do cinema independente. A disponibilização, a preços abordáveis, das câmaras digitais veio provocar uma verdadeira revolução cultural: pela primeira vez na história da 7ª arte, estava ao alcance de qualquer bolsa média, e com uma qualidade realmente concorrencial, a possibilidade de fazer um filme de longa-metragem no backyard, com os amigos ou os colegas da faculdade, por muito pouco dinheiro. E mais: a Internet vinha abrir um circuito de distribuição completamente novo para estas obras.
A terceira vaga indie, surgida nos anos 2000, agarrou, pois, com avidez, entusiasmo e criatividade as novas oportunidades. Mantém grande parte dos traços que caracterizaram os seus elders (embora acrescente os seus próprios — linhas narrativas em torno das ansiedades de jovens pós-universitários, recurso a atores não profissionais, diálogo quase sempre improvisado), revê-se frequentemente como herdeira do legado e assume uma variedade que resiste, tal como as anteriores, às classificações de “movimento”.
A essa diversidade artística correspondeu também uma diversidade de receptividade muito acentuada. Se é verdade que alguns cineastas, identificados ou não com o rótulo mumblecore, alcançaram certa notoriedade nos circuitos indie, muitos outros não tiveram a mesma sorte, incluindo dentro dos Estados Unidos.
Em Portugal, a programação alternativa não foi especialmente atenta; limitou-se, quase sempre, a seguir uma certa tendência internacional. Andrew Bujalski e os irmãos Safdie foram regularmente exibidos, é certo, mas são muitos os outros nomes importantes desta vaga indie que escaparam ao radar dessa programação. Lena Dunham deve a reputação que por cá tem à série Girls: nenhum dos filmes que realizou foi exibido em Portugal. De Joe Swanberg, um dos nomes maiores do mumblecore e um dos mais prolíficos cineastas contemporâneos (19 longas-metragens assinadas em menos de 15 anos), apenas foi exibido um filme. Nunca tiveram estreia nacional as primeiras longas de Greta Gerwig, Eliza Hittman, Amy Seimetz e de Khalik Allah. Foi preciso o óscar para que se ouvisse falar de Chloe Zhao. Cineastas da importância de Frank V. Ross, Patrick Wang ou Bill e Turner Ross são totalmente desconhecidos. Invisível permanece grande parte da obra de Rick Alverson e de Robert Greene. Até os Safdie têm uma faceta praticamente oculta…
O trabalho de divulgação desta geração de independentes está, pois, em grande parte, por fazer. A exibição, pela primeira vez em Portugal, deste conjunto de obras vem permitir preencher lacunas, estabelecer pontes e reencontrar elos perdidos. Os outsiders estão aí, prontos a conquistar o lugar que há muito lhes era devido.
Informações Úteis
Cinema São Jorge
Avenida da Liberdade, nº175
1250-141 Lisboa
Bilhetes
4,50 €
Sem descontos aplicáveis
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Como chegar?
Metro
Linha Azul | Estação: Avenida
Autocarros
709, 711, 732, 736
Sessões para M/14
- Filmes legendados em português
- Programa sujeito a alterações
- Os lugares não são marcados
- Uso de máscara obrigatório no interior do cinema
- O Cinema São Jorge opera de acordo com as recomendações da Direção Geral da Saúde
Ficha Técnica
Programador
Carlos Nogueira
Coordenação de Produção
Vítor Alves Brotas | Agência 25
Produção
Clélia Luiz, Filipa da Rocha Nunes, Rui Vallêra
Coordenação de Comunicação
Inês Lampreia, Liliana Valpaços
Comunicação
Inês Braizinha, Mariana Nunes, Nuno Martins
Assessoria de Imprensa
Helena César
Identidade Gráfica
atelier-do-ver
Design de Comunicação, Web Design e Video
Tradução
Elsa Vieira
Fotografia
Joana Linda
Agradecimentos
António Pinto Ribeiro
CINEMA SÃO JORGE
Diretora
Marina Sousa Uva
Adjunta Direção
Inês Freire
Coordenação técnica
Fernando Caldeira
Adjunto de coordenação técnica
Diogo Viana
Projecionistas
Carlos Souto
Jorge Silva
Técnicos de espetáculo
Carlos Rocha
Pedro Moreira
Comunicação
Francisco Barbosa
Pedro Vieira
Coordenação Frente de Casa
Diana Liberal Guedes
Técnica Administrativa
Catarina Bernardo
Técnicas Bilheteira
Carina Rodrigues
Carolina Liberal
Mariana Guimarães
Soraia Souto
Manutenção
Mário Silva
Programador
Carlos Nogueira
Coordenação de Produção
Vítor Alves Brotas | Agência 25
Produção
Clélia Luiz, Filipa da Rocha Nunes, Rui Vallêra
Coordenação de Comunicação
Inês Lampreia, Liliana Valpaços
Comunicação
Inês Braizinha, Mariana Nunes, Nuno Martins
Assessoria de Imprensa
Helena César
Identidade Gráfica
atelier-do-ver
Design de Comunicação, Web Design e Video
Tradução
Elsa Vieira
Fotografia
Joana Linda
Agradecimentos
António Pinto Ribeiro
CINEMA SÃO JORGE
Diretora
Marina Sousa Uva
Adjunta Direção
Inês Freire
Coordenação técnica
Fernando Caldeira
Adjunto de coordenação técnica
Diogo Viana
Projecionistas
Carlos Souto
Jorge Silva
Técnicos de espetáculo
Carlos Rocha
Pedro Moreira
Comunicação
Francisco Barbosa
Pedro Vieira
Coordenação Frente de Casa
Diana Liberal Guedes
Técnica Administrativa
Catarina Bernardo
Técnicas Bilheteira
Carina Rodrigues
Carolina Liberal
Mariana Guimarães
Soraia Souto
Manutenção
Mário Silva