Cinema Independente Americano
O Outsiders – Ciclo de Cinema Independente Americano está de volta para a sua segunda edição em Lisboa. De 7 a 12 de março, a FLAD apresenta no Cinema São Jorge uma seleção de 10 filmes de realizadores independentes nunca antes exibidos em Portugal e com um relevante percurso nos mais prestigiados festivais de cinema do mundo, muitos deles premiados.
Nesta edição, revisitamos os “filmes de género”: melodrama, ficção científica, terror, western, film noir, bio-pic… de tudo isto e muito mais se faz o Outsiders 2023!
Programação
Masterclass
How I Made Two Feature Films by Age 21
Faculdade de Belas-Artes da Universidade Lisboa8 março, quarta-feira, 17h, Grande Auditório
Pouco mais do que teenager, Jack Fessenden tem já no seu currículo duas longas-metragens escritas, realizadas e estreadas (nas quais vestiu também as camisolas de compositor, montador e produtor). O carimbo biológico — que assume com orgulho — de quem é filho de Larry Fessenden (um dos gurus nova-iorquinos dos filmes de terror independentes) de nada serviria sem uma forte contribuição pessoal (leia-se talento).
Escolhido como um dos “11 grandes cineastas indie de 30 ou menos anos que tu precisas de conhecer” (Indiewire, 2017), Jack Fessenden frequentou assiduamente os estúdios do pai durante a infância e adolescência e a sua curiosidade permitiu-lhe uma aprendizagem prática das diversas etapas da produção de um filme. Fez várias curtas-metragens antes de se estrear, aos 17 anos, no formato longo com Stray Bullets, sobre o qual Chris O’Falt, na mesma Indiewire, disse que o mais impressionante não era apenas a segurança e economia com que o jovem cineasta lidava com a coreografia da violência, mas como encontrava subtileza e profundidade nos momentos mais calmos do filme. Mais ambicioso, Foxhole, a sua obra seguinte, insere-se na longa tradição do filme humanista antibélico, conseguindo atingir “uma beleza quase abstrata” (Josh Siegel, MoMA). Fessenden faz novamente uma utilização muito habilidosa dos escassos recursos à sua disposição, privilegiando a interação e escolhas morais de um pequeno grupo de soldados em três momentos de guerra da história dos Estados Unidos.
“Este miúdo vai longe”, afirmou Meira Blaustein, cofundadora do Festival de Cinema de Woodstock. Já está a caminho, diríamos nós.
JackFessenden
Os Filmes
"Queremos continuar a dar a conhecer a vaga de filmes independentes americanos que permanecem inéditos nas nossas salas e, de caminho, mostrar um retrato possível da América contemporânea. Desta vez, sob o filtro dos "filmes de género".
Por Carlos Nogueira, Programador
Um melodrama, um filme de ficção científica, um western, um film noir, um filme de terror, de tudo isto se compõe a segunda edição do Outsiders. De tudo isto e de mais alguns… géneros cinematográficos.
O termo “género”, quando aplicado ao cinema clássico americano, tem um significado muito específico. Musicais, filmes de gangsters, bio-pics ou filmes históricos, westerns e screwball comedies foram algumas das categorias em que se inseriam os filmes produzidos em Hollywood. Muitas delas provinham da literatura ou de outras artes, tendo mesmo de se recuar à Grécia clássica para a origem de umas quantas.
Os estúdios, desde muito cedo, perceberam que a codificação dos estilos e dos conteúdos das histórias permitia o reconhecimento imediato por parte do público, que, assim, sabia de antemão o que ia ver, mesmo antes de comprar o bilhete. É preciso não esquecer que foi o negócio da exibição que criou os estúdios de produção para “alimentar” as salas. Esses filmes eram um complemento utilíssimo dos filmes artísticos ou de prestígio, frequentemente inclassificáveis ou que entravam em categorias tão genéricas (drama, comédia, …) que não facilitavam às massas o reconhecimento do objeto que iam ver. A comédia burlesca e o melodrama surgem já durante o cinema mudo, mas é com o sonoro, a partir do final dos anos 20, que grande parte dos géneros se codifica. São muitos os estúdios, os realizadores, os argumentistas e os atores que se especializam num determinado género, que acaba por lhes ficar colado à pele e do qual era difícil libertarem-se.
Ao longo das décadas de 50 e 60, o fim da era dos estúdios não trouxe o fim dos géneros, mas facilitou a liberalização dos códigos, que eram em geral bastante rígidos, e permitiu a proliferação das categorias híbridas. Alguns dos géneros que fizeram a glória da época clássica do cinema americano foram-se extinguindo, pelo menos na sua forma “pura”, o que se pode atribuir a variadas causas, desde a mudanças de costumes até ao desaparecimento da máquina industrial, que possuía um aperfeiçoadíssimo know-how.
Volta meia-volta surgem homenagens, recriações ou remakes e, dependendo do sucesso, pode surgir um pequeno foco nostálgico, geralmente de curta duração, pois a linha de montagem já não existe, o que encarece enormemente a produção, ou simplesmente porque os tempos e os gostos mudaram. Alguns géneros tiveram uma vida para além da morte ou nunca chegaram verdadeiramente a desaparecer (a ficção científica, o terror) na medida em que os seus cultores souberam utilizar com inteligência e sentido da oportunidade o ancestral gosto do público pelo mistério e pelo oculto.
E, contudo, o cinema independente tem utilizado, mais ou menos discretamente, essas categorias e os seus códigos para, nos seus próprios termos e com os seus próprios métodos, falar dos temas que preocupam as novas gerações. Na nossa seleção para o Outsiders II, procurámos testemunhos de como os cineastas surgidos após o milénio retrabalham os géneros da época clássica de Hollywood.
Madeline’s Madeline, de Josephine Decker, que trata as relações entre a saúde mental e as artes do palco, não teria a força que tem sem as referências ao musical. Em Depraved, Larry Fessenden reinventa em Brooklyn o mito de Frankenstein: referência às manipulações do corpo e seus potenciais perigos? Os códigos do film noir são utilizados com justeza por Aaron Katz na sua reflexão sobre Hollywood e o sucesso em Gemini. Ecos da violência da sociedade contemporânea ressoam nas frequentes explosões de violência do western In a Valley of Violence. O ambiente concentracionário das trincheiras põe em evidência a importância da solidariedade, tocando simultaneamente na ferida do preconceito racial, na curiosa versão contemporânea do filme de guerra Foxhole. Os perigos das experiências científicas e como se prestam a manipulações fraudulentas constituem o ponto de partida do belíssimo e misterioso filme de ficção científica, Upstream Color.
O melodrama familiar é renovado por Trey Edward Shults com o regresso por um dia de Krisha ao seio familiar após um longo afastamento decorrente de problemas de adição e da sua instabilidade mental. Sendo tecnicamente um filme de época, Wild Nights with Emily tem uma abordagem iconoclasta do bio-pic, aflorando com humor questões relacionadas com a sexualidade da escritora Emily Dickinson. O tráfico de drogas há muito que tinha substituído a lei seca como centro da atividade dos gangsters nos filmes que fizeram a glória de James Cagney e Edward G. Robinson; Transpecos desloca-o para as terras de ninguém fronteiriças e entrelaça-o com outros tráficos, que se aproveitam do drama humano da imigração clandestina. Um dos subgéneros mais característicos e divertidos durante os anos 30 e 40 — a comédia do recasamento — derivava da comédia sofisticada e incidia na reunião do par central após um divórcio ou uma separação. Em The Lovers, Azazel Jacobs tem o golpe de génio de pôr Debra Winger num papel que outrora caberia a Katharine Hepburn, Claudette Colbert ou Barbara Stanwyck, para, ao mesmo tempo, refletir sobre feminismo, liberdade e interdependência.
Queremos continuar a dar a conhecer a vaga de filmes independentes americanos que permanecem inéditos nas nossas salas e, de caminho, mostrar um retrato possível da América contemporânea. Desta vez, sob o filtro dos “filmes de género”.
Carlos Nogueira, programador
Informações Úteis
Cinema São Jorge
Avenida da Liberdade, nº175
1250-141 Lisboa
Bilhetes
4,50 €
Com desconto – 4,00€*
* (menores de 25 anos, maiores de 65 anos)
Como chegar?
Metro
Linha Azul | Estação: Avenida
Autocarros
709, 711, 732, 736
Contactos
Imprensa:
Paris, Texas — Rita Bonifácio – ritaparistexas@gmail.com
Outras informações:
media@flad.pt
Sessões para M/14
- Filmes legendados em português
- Programa sujeito a alterações
- Os lugares não são marcados
Ficha Técnica
Programador
Carlos Nogueira
Coordenação de Produção
João Romãozinho
Produção
Clélia Luiz, Filipa da Rocha Nunes, Rui Vallêra
Coordenação de Comunicação
Liliana Valpaços, Rita Bonifácio
Comunicação
Inês Braizinha, Nuno Martins, Constança Diogo
Assessoria de Imprensa
Paris, Texas (Rita Bonifácio)
Identidade Gráfica
atelier-do-ver
Design de Comunicação, Web Design e Video
WSA Creative Agency, Pedro Fernandes
Tradução
Elsa Vieira
Fotografia
Joana Linda
Spot vídeo
Giuliane Maciel
Agradecimentos
António Pinto Ribeiro
FLAD
Órgãos Sociais da FLAD | Conselho de Curadores
Bernardo Pires de Lima
Maria Teresa Ferreira Soares Mendes
Ana Isabel dos Santos Figueiredo Pinto
Maria Gabriela da Silveira Ferreira Canavilhas
Mário Nuno dos Santos Ferreira
Jack (Joaquim) M. Martins
Conselho de Administração
Rita Faden da Silva Moreira Araújo, Presidente
Elsa Maria Pires Henriques
Michael Alvin Baum Jr.
Vítor Ângelo Mendes da Costa Martins
Rodrigo Vasconcelos de Oliveira
Conselho Executivo
Rita Faden da Silva Moreira Araújo, Presidente
Elsa Maria Pires Henriques
Michael Alvin Baum Jr.
CINEMA SÃO JORGE
Diretora
Marina Sousa Uva
Adjunta Direção
Inês Freire
Coordenação técnica
Fernando Caldeira
Adjunto de coordenação técnica
Diogo Viana
Projecionistas
Carlos Souto
Jorge Silva
Técnicos de espetáculo
Carlos Rocha
Pedro Moreira
Comunicação
Francisco Barbosa
Pedro Vieira
Coordenação Frente de Casa
Diana Liberal Guedes
Técnica Administrativa
Catarina Bernardo
Técnicas Bilheteira
Carina Rodrigues
Carolina Liberal
Mariana Guimarães
Soraia Souto
Olena Pikho
Manutenção
Mário Silva
Programador
Carlos Nogueira
Coordenação de Produção
Vítor Alves Brotas | Agência 25
Produção
Clélia Luiz, Filipa da Rocha Nunes, Rui Vallêra
Coordenação de Comunicação
Inês Lampreia, Liliana Valpaços
Comunicação
Inês Braizinha, Mariana Nunes, Nuno Martins
Assessoria de Imprensa
Helena César
Identidade Gráfica
atelier-do-ver
Design de Comunicação, Web Design e Video
Tradução
Elsa Vieira
Fotografia
Joana Linda
Agradecimentos
António Pinto Ribeiro
CINEMA SÃO JORGE
Diretora
Marina Sousa Uva
Adjunta Direção
Inês Freire
Coordenação técnica
Fernando Caldeira
Adjunto de coordenação técnica
Diogo Viana
Projecionistas
Carlos Souto
Jorge Silva
Técnicos de espetáculo
Carlos Rocha
Pedro Moreira
Comunicação
Francisco Barbosa
Pedro Vieira
Coordenação Frente de Casa
Diana Liberal Guedes
Técnica Administrativa
Catarina Bernardo
Técnicas Bilheteira
Carina Rodrigues
Carolina Liberal
Mariana Guimarães
Soraia Souto
Manutenção
Mário Silva