Que impacto teve o isolamento na nossa saúde mental? Como serão os próximos meses? Está o sistema de saúde preparado para responder ao aumento de casos e à sua especificidade?
O “What’s next for Mental Health: Coping with COVID-19” juntou esta quarta-feira, dia 24 de junho, especialistas de renome na área da saúde mental, dos dois lados do Atlântico, num debate moderado pela jornalista Maria Elisa Domingues.
Os oradores apontaram dois temas em comum: que as pessoas com fragilidades pré-existentes estiveram – e continuarão a estar – numa situação ainda mais prejudicial; e que as dificuldades económicas que são consequência das medidas restritivas tomadas pelo Governo vão agravar as questões de saúde mental.
Teresa Maia, diretora do Departamento de Saúde Mental do Hospital Fernando Fonseca, um dos que serve uma maior fatia da população na Grande Lisboa, disse que só em abril o número de consultas por questões de saúde mental aumentou 8%, em comparação com o mesmo período do ano anterior, e isso já está a ter impacto nos profissionais de saúde, que, diz, estarem cansados.
“Há também esta noção cada vez mais clara de que isto não vai acabar tão depressa.” – Teresa Maia.
Miguel Xavier, Psiquiatra e Diretor do Programa Nacional de Saúde Mental, sublinhou o impacto que as dificuldades económicas e as desigualdades já está a ter na população. No futuro, diz, ou há um esforço coordenado de apoio nestas áreas ou os problemas vão agravar-se, podendo até degenerar em violência.
“Ou há um investimento claro em políticas de apoio às desigualdades, ou a avalanche de casos em saúde mental será muito maior do que se esperava.” – Miguel Xavier.
O Psicólogo Clínico Henrique Barreto é da mesma opinião, aconselhando o Governo a tomar medidas para resolver as questões das dívidas das famílias. O problema, diz, ainda estar no início.
“A pobreza em que nós estamos vai trazer-nos graves consequências para a saúde mental. (…) Esta pandemia é uma maratona que, a meu ver, só agora é que está a começar do ponto de vista de danos psicológicos.” – Henrique Barreto.
Do outro lado do Atlântico, a Neuropsicóloga Margaret Lanca, defendeu que esta pandemia veio expor problemas que já existem na nossa sociedade, como é o caso da desigualdade, e lembrou o impacto que estas desigualdades estão a ter na saúde física e mental da população.
“Esta pandemia fez um trabalho fantástico na revelação das fraturas existentes na nossa sociedade. (…) Até 15% da população nos Estados Unidos não tem acesso regular à Internet. Essas pessoas foram postas de parte. O que criou uma divisão ainda maior no que já era uma situação de desigualdade no acesso aos serviços de saúde.” – Margaret Lanca.
Não perca na próxima sexta-feira, dia 3 de julho, pelas 17h00, o nosso próximo webinar, dedicado à resposta dos parlamentos e dos legisladores à pandemia COVID-19 e às consequências económicas que resultaram desta crise.
A participação é gratuita. Basta inscrever-se através do seguinte link: https://zoom.us/webinar/register/1615930865942/WN_oRL9x-CsSXWigx1CzO2spQ
Até já!
Posts Relacionados
13 de Dezembro, 2024
Vânia Baptista, da Universidade do Algarve, vence FLAD Science Award Atlantic 2024
Projeto 'Finding Home – Discovering the…
28 de Novembro, 2024
Candidaturas Abertas: Flechada – Programa de Apoio a Primeiras Exposições Individuais
Programa vai apoiar jovens artistas…
18 de Novembro, 2024
Portugal acolheu maior número de estudantes americanos de sempre em 2022/2023
Aumento de quase 60% no número de…