O nosso convidado desta semana é Bernardo Pires de Lima, investigador associado do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade NOVA de Lisboa e um dos mais reconhecidos analistas de política internacional em Portugal, para uma conversa sobre uma das mais disputadas eleições nos EUA de que há memória.
Licenciado em Ciência Politica e mestre em Relações Internacionais, o investigador associado do IPRI da Universidade NOVA de Lisboa foi também investigador visitante no Centro de Relações Internacionais da Universidade Johns Hopkins, bolseiro da FLAD em 2012 e é autor de 8 livros. Esteve nos Estados Unidos em 2012 quando Barack Obama venceu a releição, e também em 2016 quando Donald Trump derrotou Hillary Clinton.
Nesta conversa com o jornalista Filipe Santos Costa, o destacado comentador fala do período conturbado que se vive na política americana, da distância cada vez maior entre os dois principais partidos e das suas consequências para a vida dos norte-americanos.
“Paralisia legislativa, a falta de diálogo entre as duas bancadas, essa cristalização cultural das Américas, urbana e rural, daqueles que têm instrução e diplomas universitários e os que não têm, isso parece-me que já estava em cristalização nas duas plataformas e agora penso que ficou bastante mais massificado.” – Bernardo Pires de Lima.
Apesar da clivagem pronunciada entre essas ‘duas Américas’, o investigador acredita que os Estados Unidos já provaram ser um país capaz de ultrapassar este tipo de divergências.
Sobre o vencedor das eleições, o democrata Joe Biden, Bernardo Pires de Lima diz que não se deve desvalorizar a sua vitória, olhando para o resultado que alcançou e considerando o seu ponto de partida.
“Estamos a falar de um Presidente dito não carismático, com mais votos na história americana. Esta blue wave que se falava não é nos termos avassaladores que as sondagens pintavam, mas não se pode dizer que tenha sido propriamente um dado menor um candidato vencer ou recuperar toda a cintura industrial dos grads lagos, mais estados do sul, não se pode dizer que seja uma vitória menor. (…) Tem todas as condições endógenas, pessoais, de traquejo político para ser esse presidente da normalidade bipartidária.” – Bernardo Pires de Lima.
No entanto, para que Joe Biden possa ser esse Presidente capaz de restaurar as relações entre os partidos, é preciso haver abertura do lado dos republicanos que, segundo o investigador, vai depender de quem serão os responsáveis republicanos a assumir uma postura de liderança e em que condições.
“O campo é muito estreito, mas o tempo pode exigir que haja mais pragmatismo de alguns legisladores republicanos. Quem são eles? Não sabemos ainda. O que vai ditar essa disponibilidade republicana é o nível de agressividade deste período de transição.” – Bernardo Pires de Lima.
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