Rui Seabra recebeu o prémio Science Award Atlantic 2020, numa cerimónia que contou com a presença do ministro do Ensino Superior e que teve um debate sobre a importância do Atlântico.
“A qualidade dos projetos foi sem dúvida a prova da qualidade da comunidade científica em Portugal”, explicou a presidente da FLAD, Rita Faden na abertura do evento de entrega formal do prémio ao investigador do CIBIO-InBio da Universidade do Porto.
A presidente da FLAD garantiu que a FLAD irá continuar a apoiar a comunidade científica em Portugal, em especial de jovens investigadores com projetos de grande mérito, como é o caso do projeto apresentado por Rui Seabra.
“Para a FLAD, premiar e incentivar a nova geração de cientistas portugueses é, e vai continuar a ser, uma prioridade.” – Rita Faden, Presidente da FLAD
Rui Seabra apresentou um projeto ambicioso e que vai permitir medir o impacto das alterações climáticas nas duas costas do Atlântico Norte, através da instalação de mais de 2000 mil sensores, em 85 praias ao longo da Costa Atlântica, que vão medir a temperatura da água da Guiné-Bissau à Noruega, passando pela Islândia e Gronelândia, até ao Ártico, e daí ao longo da Costa Oeste até ao Equador.
“Este tipo de dados vai permitir uma nova perspetiva multi escala sobre a forma como a temperatura molda a biodiversidade intertidal. Vamos ficar a saber tudo, sobre todos os sítios.” Rui Seabra.
O ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor, encerrou o evento realizado no auditório da Fundação, elogiando o trabalho do investigador, mas também a aposta continua da FLAD na investigação científica.
“Este projeto não é só cientificamente relevante, mas também de uma atualidade extrema, no contexto português, transatlântico e também global. (…) A relação atlântica não é uma relação nova, mas o posicionamento de Portugal no Atlântico precisa de projetos como este para ser valorizado.” – Manuel Heitor, Ministro da Ciência e do Ensino Superior.
O potencial do Atlântico
O evento de entrega do prémio contou ainda com um debate sobre as várias dimensões do Oceano Atlântico, que contou com a participação de Miguel Miranda, presidente do IPMA, António Sarmento, Presidente da WavEC Offshore Renewables, e Lívia Franco, investigadora e professora universitária no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.
No debate, moderado pela jornalista Sara Antunes Oliveira, Lívia Franco denotou que apesar do pessimismo reinante sobre o potencial da comunidade atlântica, cuja morte “tem sido anunciada sucessivamente desde o momento em que foi criada”, a verdade é que sua importância mantém-se fulcral como sempre.
“O mercado correspondente à comunidade do Atlântico norte é a pedra angular do sistémico económico global. (…) O Projeto Europeu é o que é e chegou onde chegou porque obviamente faz parte desta comunidade que é a relação transatlântica.” – Lívia Franco, Professora e investigadora da Universidade Católica.
A moderadora levantou a questão eterna do potencial por explorar da economia do mar, um tema que tem estado na agenda política de forma intermitente ao longo das últimas décadas, mas sem resultados ao nível do potencial a si atribuído por alguns responsáveis politicos e especialistas na área. António Sarmento, presidente da WavEC Offshore Renewables, disse que a ideia de insucesso existe sobretudo devido às expetativas que foram criadas e não à falta de potencial, ou até de resultados, que se têm vindo a obter nesta área.
“O que tivemos foi apontar para uma expetativa que não seria cumprida. Estes são processos muito morosos. Mas estou convencido que dentro de alguns anos, talvez ainda esta década, vamos começar a ver resultados mais palpáveis. (…) Há aqui um potencial que nós podemos explorar, temos é que nos preparar para isso.” – António Sarmento, presidente da WavEC Offshore Renewables.
O presidente do IPMA. Miguel Miranda, entende que a capacidade cientifica portuguesa sobre o mar “tem subido significativamente nos últimos anos” e elogiou a vertente colaborativa do trabalho de Rui Seabra, algo que pensa ser uma das mais valias do projeto apresentado pelo investigador do CIBIO-InBio da Universidade do Porto.
“Nós mesmo numa situação complicada como aquela que estamos a viver nós somos capazes de colocar os cidadãos a trabalhar uns com os outros à escala de uma bacia.” – Miguel Miranda, presidente do IPMA.
Pode saber mais sobre a investigação que irá ser desenvolvida por Rui Seabra neste link.
Parabéns ao Rui e bom trabalho!
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