Os Estados Unidos construiram a maior economia do mundo e são hoje, de longe, os que maiores referências empresariais oferecem ao mundo, especialmente na área de tecnológia. Mas o que faz dos EUA, um país com menos de um quarto da população da China, o gigante económico e empresarial que ainda lidera na inovação e no estabelecer de tendências? A nossa convidada desta semana é Sofia Tenreiro, administradora da Galp, e com mais de uma década de experiência entre algumas das maiores multinacionais americanas.
Da Procter & Gamble, à Cisco e à Microsoft, Sofia Tenreiro tem acumulado milhas entre algumas das maiores empresas do mundo. A sua experiência e know-how levou-a à liderança da Câmara de Comércio Americana em Portugal, entre 2016 e 2019. Desde então, chegou a administradora da Galp Energia, uma das maiores empresas portuguesas.
Em conversa com o Filipe Santos Costa, Sofia Tenreiro explica-nos porque é tão diferente a cultura americana e como as diferenças na forma de pensar e agir, mesmo em relação ao mundo ocidental, mantém aquele país na dianteira não apenas em termos económicos, mas também empresariais.
“Os EUA sem dúvida que continuam a ter grandes vantagens competitivas, desde logo o assumir do risco e o serem muito mais imediatistas. Os asiáticos pensam em séculos, os americanos pensam em ‘quarters’. (…) Na perspetiva de inovação e empreendedorismo, sem dúvida que este imediatismo é muito importante, porque nós queremos resultados rápidos e queremos testar rapidamente, perceber se funciona rapidamente. E se não funciona também garantir que a falha que vai existir é o mais rápida possível para podermos aprender e nos reerguermos novamente. E nisso os EUA são fantásticos, porque eles olham para o erro não como falha, como os Europeus olham, mas olham para o erro como uma aprendizagem.” – Sofia Tenreiro
A gestora olha para o futuro do mundo empresarial como um mundo onde as fronteiras cada vez mais se esbatem, tanto para as empresas como para os trabalhadores, o que permite a uma empresa em Portugal poder competir além do seu mercado. O que isso traz de vantagens, também traz de pressão adicional.
“A digitalização começou a democratizar quer o mercado, quer o talento. Hoje em dia graças a toda a transformação digital qualquer empresa pode competir. Já não compete pelo tamanho ou já não compete pelo tamanho do país onde se insere. Qualquer empresa em Portugal não se cinge apenas ao mercado português, se tiver condições e ambição está a competir no mercado internacional. Deixamos de ter desculpas completamente. E com o talento também acontece o mesmo, graças à digitalização hoje em dia é possível trabalhar em qualquer parte do mundo.” – Sofia Tenreiro
E o que significa isto num mundo pós-pandémico, depois de um ano em que muitos trabalhadores se viram forçados a trabalhar de casa e em que algumas empresas já deram a entender que isso pode ser o futuro?
“Hoje em dia é assumido em todos os países que o trabalho remoto veio para ficar. Passou a ser uma necessidade. Uma necessidade em fator competitivo e de diferenciação.” – Sofia Tenreiro.
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